Lula cometeu "gafe" diplomática ao evitar túmulo de sionista, diz analista
Carlos Iavelberg
Do UOL Notícias
Em São Paulo
A polêmica envolvendo o boicote por parte do ministro de Assuntos Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, ao discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em visita ao país do Oriente Médio, divide a opinião de especialistas ouvidos pelo UOL Notícias.
Na primeira viagem a Israel de um presidente brasileiro em exercício, Lula decidiu não visitar o túmulo do fundador do sionismo, Theodor Herzl. Em protesto, Lieberman não compareceu nesta segunda-feira (15) à sessão especial do Parlamento israelense (Knesset) na qual Lula discursou, por considerar um grave descumprimento do protocolo, informou o serviço de notícias israelense "Ynet".
Leia mais sobre a visita de Lula a Israel
· Chanceler israelense boicota visita de Lula
· Relações comerciais com Brasil são prioridade, diz ministro israelense
· Amorim nega que Lula foi alvo de 'rolo compressor' de Israel sobre Irã
Além de não visitar o túmulo de Theodor Herzl, o presidente brasileiro deverá depositar flores no túmulo do histórico dirigente palestino Yasser Arafat durante sua visita a Ramala na quarta-feira (17).
“Infelizmente, isso [não visitar o túmulo] foi uma gafe diplomática bastante grande. Se isso foi uma mensagem intencional [por parte da diplomacia brasileira], foi um erro muito grande” afirma Gilberto Sarfati, professor de relações internacionais especializado em Oriente Médio da Universidade Rio Branco. “Torço para que tenha sido uma gafe”, conclui.
“Não visitar o túmulo é quase que apoiar o [presidente do Irã] Mahmoud Ahmadinejad quando ele nega o direito do Estado de Israel de existir”, analisa Sarfati.
Considerando que tenha sido uma gafe, o professor defende que o Itamaraty deva se apressar em apresentar um pedido de desculpas ao governo de Israel.
Procurado pela reportagem, a assessoria de imprensa do Itamaraty negou que se trata de uma gafe e informou que a agenda da visita de Lula ao Oriente Médio nunca incluiu a visita ao túmulo do fundador do sionismo.
A explicação dada pelo governo brasileiro é defendida pelo cientista político do Grupo de Análise da Conjuntura Internacional (Gacint) da USP e especialista em Oriente Médio Samuel Feldberg. “Se a visita [ao túmulo] não estava prevista, não tinha razão em eles [os israelenses] insistirem.”, afirma.
“Nenhum chefe de Estado tem a obrigação de visitar o túmulo e o Brasil não tem obrigação de mudar [a agenda de Lula] por conta da pressão de Israel”, justifica Feldberg. Segundo o professor, outros presidentes que estiveram em Israel não visitaram o túmulo.
Com relação ao discurso de Lula no Parlamento, no qual defendeu a criação de um Estado Palestino e pediu para que todos os países deixem de produzir armas nucleares, os dois analistas ouvidos pelo UOL Notícias concordam que não há novidades na postura historicamente defendida pelo governo brasileiro.
Fonte: Site Comitê Nacional do Cerimonial Público
Para ler a matéria na íntegra, clique AQUI